ST JAGUAR OU ONCA PINTADA AI 0036
onça-pintada (português brasileiro) ou jaguar (português europeu) (nome científico: Panthera onca), também conhecida como onça-preta (no caso dos indivíduos melânicos), é uma espécie de mamífero carnívoro da família dos felídeos (Felidae) encontrada nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, sendo o maior do continente americano. Apesar da semelhança com o leopardo (Panthera pardus), a onça-pintada é evolutivamente mais próxima do leão (Panthera leo). Ocorre desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, mas está extinta em diversas partes dessa região atualmente. Nos Estados Unidos, por exemplo, está quase extinta desde o início do século XX, mas ainda ocorre em algumas áreas do Arizona, Novo México e Texas. É encontrada principalmente em ambientes de florestas tropicais, e geralmente não ocorre acima dos 1 200 m de altitude. A onça-pintada está fortemente associada à presença de água e é notável como um felino que gosta de nadar.
É um felino de porte grande, com peso variando de 65 a 100 quilos, com as do pantanal sendo as maiores pesando em média 110 quilos,podendo chegar a 155 quilos[3], e comprimento variando de 1,1 a 1,80 m sem a cauda, que é relativamente curta. Fisicamente semelhante ao leopardo, dele se diferencia pelo padrão de manchas na pele e pelo maior tamanho. Existem indivíduos totalmente pretos. As onças pintadas possuem mandíbulas excepcionalmente fortes, apresentando as mais poderosas mordidas dentre todos os grandes felinos. Isso permite que ela fure a casca dura de répteis como a tartaruga e de utilizar um método de matar incomum: ela morde diretamente através do crânio da presa entre os ouvidos, uma mordida fatal no cérebro.[4]
É um animal crepuscular e solitário. Caça através de emboscadas, sendo um importante predador no topo da cadeia alimentar e pode comer qualquer animal que seja capaz de capturar, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Porém, tem preferência por grandes herbívoros, podendo atacar o gado doméstico. Frequentemente convive com a onça-parda (Puma concolor), influenciando os hábitos e comportamento deste outro felino. A área de vida pode ter mais de 100 quilômetros quadrados, com os machos tendo territórios englobando o de duas ou três fêmeas. A onça-pintada é capaz de rugir e usa esse tipo de vocalização em contextos de territorialidade. Alcança a maturidade sexual com cerca de 2 anos de idade, e as fêmeas dão à luz geralmente a dois filhotes por vez, pesando entre 700 e 900 gramas. Em cativeiro, a onça-pintada pode viver até 23 anos, mais do que em estado selvagem.
A IUCN considera a espécie como "quase ameaçada", por sua ampla distribuição geográfica, mas suas populações estão em declínio, principalmente por causa da perda e da fragmentação do seu habitat. Entretanto, localmente ela pode estar em sério risco de extinção, como em áreas da América Central e do Norte e na Mata Atlântica brasileira. O comércio internacional de onças ou de suas partes é proibido, mas o felino ainda é frequentemente caçado por fazendeiros e agricultores na América do Sul. Apesar de seu número reduzido, a sua distribuição geográfica ainda é ampla e há boas chances de sobrevivência da espécie a longo prazo na Amazônia e no Pantanal. A onça-pintada faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo as dos maias, astecas e guaranis e a sua caça ainda é uma atividade carregada de simbolismo, principalmente entre os pantaneiros.
Etimologia
A onça-pintada também é conhecida por pintada, onça-verdadeira, jaguar, jaguaretê, jaguarapinima, acanguçu, canguçu ou simplesmente onça. O termo "onça" origina-se do grego lygx, através do termo latino luncea e do termo italiano lonza. No Brasil, o nome onça-pintada é o mais utilizado, sendo que a palavra pintada é uma alusão à pelagem cheia de manchas e rosetas, ao contrário da outra onça, a onça-parda.[5]
Jaguar origina-se do termo tupi îagûara, podendo ser traduzido como "onça" e até como "cão". Curiosamente foi esta palavra de origem indígena que se tornou a mais utilizada no português europeu, enquanto "onça" (de origem europeia) se tornou o termo mais utilizado no português brasileiro.[6] Esta palavra indígena também foi adotada por algumas línguas europeias como o inglês, espanhol e francês. Com efeito, com a colonização europeia e a chegada dos cães ao continente americano, a palavra passou a ser também usada pelos povos indígenas falantes de tupi para referir-se aos cachorros; assim, adotou-se îagûareté ("onça verdadeira") para fazer referência exclusivamente à onça-pintada, diferenciando-a do cão, o que originou o termo de língua portuguesa "jaguaretê".[6] Yaguareté é um nome usado em países de língua espanhola em que há muitos descendentes dos guaranis, como a Argentina e Paraguai.[7] Acanguçu e canguçu originam-se do termo tupi-guarani îagûarakangusu, que significa "onça de cabeça grande", por meio da composição entre îagûara ("onça"), akanga ("cabeça") e usu ("grande").[6] Jaguarapinima vem do tupi îagûara ("onça") e pinima ("pintada").
A designação pantera no nome científico, vem do latim, panthera. Panthera, em grego, é uma palavra para leopardo, πάνθηρ. A palavra é uma composição de παν- "todos" e θήρ vem de θηρευτής "predador", significando "predador de todos" (animais), apesar de que esta deve ser considerada uma etimologia popular.[8] A palavra deve ter uma origem do sânscrito, pundarikam, que significa "tigre".
A onça-pintada é o único membro atual do gênero Panthera no Novo Mundo. Filogenias moleculares evidenciaram que o leão, o tigre, o leopardo, o leopardo-das-neves e o leopardo-nebuloso compartilham um ancestral em comum exclusivo, e esse ancestral viveu há entre seis e dez milhões de anos apesar do registro fóssil apontar o surgimento do gênero Panthera há entre dois e 3,8 milhões de anos.[Estudos filogenéticos geralmente mostram o leopardo-nebuloso como um táxon basal ao gênero Panthera
Ancestrais
Apesar de habitar o continente americano, a onça-pintada descende de felinos do Velho Mundo. Há cerca de 2,87 milhões de anos, a onça-pintada, o leão e o leopardo compartilharam um ancestral comum na Ásia.No início do Pleistoceno, os precursores da atual onça atravessaram a Beríngia e chegaram à América do Norte: a partir daí alcançaram a América Central e a América do Sul. A linhagem da onça-pintada se separou da linhagem do leão (que compartilham um ancestral comum exclusivo, sendo a espécie mais próxima da onça-pintada), há cerca de 2 milhões de anos.Existe o debate sobre se a Panthera gombaszoegensis seria uma subespécie da atual onça-pintada,[18] o que poderia mudar a história evolutiva da onça, considerando que ela surgiu na África e não na Ásia





